20. Vinhos
Buquês dos cinco continentes
Um antigo poema cantava "Baco, o primeiro das rubras bagas / Soube extrair o sedutor veneno". Tintos, brancos, rosês, espumantes, sejam secos, demi-sec, suaves, há muito tempo que os vinhos transcenderam o seu estigma de bebida pagã, presente nos rituais em honra ao deus romano Baco (Dionísio para os gregos), e conquistaram lugar de honra nas cerimônias santas, festas populares e cerimônias sociais, mundo afora.Consumido desde a alta Antiguidade, a bebida também já foi usada como remédio e hoje está presente nas mesas e adegas dos cinco continentes. França, Itália e Espanha disputam o título de maior indústria vinífera do mundo. Mas a vinicultura, há tempos, não é privilégio dessas três nações. Produzem-se vinhos, e de alta qualidade, também em países como Portugal, Estados Unidos, Alemanha, Nova Zelândia, África do Sul, Argentina, Chile e, por que não, Brasil.
Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Malbec, Moscatel e Merlot são os exemplos mais imediatos de uvas utilizadas na produção dessa bebida que é apreciada não só por conceituados enólogos e colecionadores, mas também por "meros mortais", distantes da possibilidade de degustar marcas mais famosas (e caras) ou mesmo distinguir a diferença entre um vinho envelhecido em tonéis e um acondicionado em garrafa pet.
Se há um consenso entre os estudiosos e especialistas, é de que não é necessário grande poder aquisitivo ou papilas gustativas privilegiadas para se viver o prazer de um bom vinho. Marcas mais populares e mais jovens são abundantes nas gôndolas dos supermercados e perfeitas para amadurecer o gosto de neófitos e curiosos da grande arte da enomania.
Na verdade, nem é preciso beber o vinho para ser consumidor do produto. Além da sua presença assegurada nas taças dos apreciadores mais tradicionais, o vinho poderá aparecer também na forma de ingrediente de receitas sofisticadas ou em práticas tão pitorescas quanto a vinoterapia (tratamento estético e relaxante a base de vinho) e enomancia (adivinhação por meio da bebida). O importante é se deixar levar pelos apelos do "sedutor veneno". Mas sempre com moderação.